Hoje montamos o nosso presépio. É o símbolo que melhor representa o Natal de Jesus. A simplicidade daquele lugar me faz refletir sobre a vida.
Caixotes velhos e caixas vazias deram forma à gruta. Nem tudo o que é velho é descartável.
Para dar cor, cobri de preto, como a noite. A noite é negra. Daí as estrelas brilham mais.
As plantas mais bonitas da nossa varanda preencheram espaços vazios. O verde delas carrega a nossa esperança de dias melhores. Lembremo-nos de que o meio ambiente precisa de nossa proteção.
Colocamos muitas luzinhas coloridas porque são muitos os sonhos que embalam nossos corações. Acredito nas possibilidades diárias. Pequenas luzes clareando a estrada de dentro e iluminando a estrada aqui fora.
Pus uma estrela no alto do presépio. Ela, com certeza representará a fé. No topo do presépio, no topo da vida, guiando nossos atos e nossos sonhos.
Agora trago os personagens. Primeiro Maria, a Mãe por excelência, geradora da vida, submissa aos planos de Deus, representando todas as mães, principalmente aquelas que sofrem sem casa, sem amor, sem respeito e sem esperanças.
José, o casto esposo, ao lado, sempre solícito dando suporte, atenção e carinho. Vejo nele os bons maridos, esposos dedicados que assumem o amor até as últimas conseqüências sem abandonar a família à própria sorte.
Ponho alguns animaizinhos espalhados. São criaturas de Deus e necessitam da proteção humana. São, muitas vezes, mais fiéis do que os próprios homens.
Por fim, emocionado e, com as mãos trêmulas, deposito no bercinho de capim, uma estatuazinha do Menino Jesus, quase sem roupinhas, desprovido de qualquer adorno e luxo.
Oro pedindo paz e saúde. Vejo estampado nele meninos e meninas dos centros e das periferias, das cidades e das favelas, das metrópoles e das aldeias. Meninos sem proteção e sem defesa, pelos quais este mesmo Menino de Belém um dia cresceu e se entregou na cruz abraçando a humanidade inteira.
Os pastores deixaram suas roças e vieram também. Vieram ver o Menino que se importará com as suas dores e suas fraquezas.
Os Reis Magos chegarão depois. São os filhos que voltam ao seio da família trazendo de longe as suas riquezas, conquistadas com suor e com trabalho.
Que os nossos corações sejam presépios vivos onde todos esses sentimentos de solidariedade, amor, paz e esperança permaneçam sempre, iluminados pela fé em dias melhores.
O Natal só tem sentido se pensarmos nos outros. Natal não se celebra sozinho. Natal é mão estendida e coração aberto. Senão seria uma festa qualquer.
Que nos nossos corações de pedra, Jesus Menino encontre espaço para romper nossa prepotência e egoísmo e nascer de fato, trazendo luz, alegria, esperança e vida.
Feliz natal!